A entrada do Irã e da Argentina no BRICS: o que isso significa para o Brasil?
PAULO SÉRGIO • 3 de setembro de 2023
A entrada do Irã e da Argentina no BRICS: o que isso significa para o Brasil?
A influência da China e a dependência brasileira
O recente ingresso do Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita no BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem gerado uma série de reflexões sobre o impacto dessa expansão para o Brasil. Enquanto alguns enxergam como uma grande conquista do governo brasileiro, há quem questione os reais benefícios dessa adesão.
Neste artigo, discutiremos os possíveis desdobramentos dessa nova configuração do BRICS, além de abordar a relação comercial entre Brasil e China, que se tornou um fator determinante para a economia brasileira.
1. O BRICS como um bloco de poder: o BRICS surgiu como uma aliança de países emergentes que buscavam maior protagonismo nas negociações internacionais e na economia global. Com a entrada do Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita o grupo ganha mais força política e econômica, ampliando seu potencial como um bloco influente na geopolítica mundial.
2.A perspectiva chinesa: a China, maior economia do BRICS, é a grande beneficiária dessa expansão. Ao agregar países como Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita que possuem economias aquém da sua produtividade, a China fortalece sua posição como uma potência econômica e política. Com um PIB em crescimento constante, a China se posiciona para disputar a hegemonia econômica global com os Estados Unidos.
3. O papel do Brasil na nova configuração do BRICS: apesar de ser considerado um avanço para o Brasil, o ingresso do Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita no BRICS levanta questionamentos sobre os reais benefícios para o país. Enquanto a China se fortalece, o Brasil se torna cada vez mais dependente do gigante asiático em suas relações comerciais. Anteriormente, o comércio externo brasileiro estava concentrado nos Estados Unidos e na União Europeia, porém, com o crescimento da China, ela se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
4. A importância da relação comercial Brasil-China: a dependência da China é um fator preocupante para o Brasil. Com a economia chinesa afetada pela desaceleração do crescimento, flutuações cambiais e impactos da pandemia, o país latino-americano pode ser diretamente impactado. Qualquer mudança na política econômica chinesa, como restrições comerciais ou redução nas importações, pode ter consequências graves para o Brasil, que atualmente é altamente dependente das exportações para a China.
5. A transformação do BRICS em um palco de disputa entre China e Estados Unidos: O ingresso do Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita no BRICS pode ser visto como mais um capítulo na disputa de influência entre China e Estados Unidos. Enquanto os americanos buscam manter sua supremacia econômica, a China expande sua rede de aliados e fortalece sua posição no cenário mundial. O Brasil, por sua vez, pode se encontrar em uma posição delicada, tendo que equilibrar interesses divergentes entre os dois gigantes.
A entrada do Irã, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Arábia Saudita no BRICS traz tanto oportunidades quanto desafios para o Brasil. Enquanto a aliança entre esses países emergentes pode fortalecer o grupo como um todo, essa expansão também aumenta a dependência brasileira da China, o que pode ser preocupante caso a economia chinesa enfrente dificuldades. Nesse contexto, é fundamental que o Brasil busque diversificar suas relações comerciais e fortalecer parcerias estratégicas com outros países, de modo a reduzir sua vulnerabilidade e garantir sua prosperidade econômica.