O Brasil é um país onde a vida humana, especialmente a vida das pessoas humildes, é frequentemente negligenciada. A legislação brasileira é robusta, mas os congressistas parecem mais interessados em fazer cena do que em tomar ações efetivas. Essa falta de preocupação se estende até mesmo ao sistema judiciário, que muitas vezes falha em entregar a justiça necessária para crimes e tragédias. Um exemplo emblemático disso é o caso de Brumadinho, onde até hoje a impunidade prevalece. Além disso, recentemente, a mina da Braskem em Maceió também entrou para a lista das grandes tragédias envolvendo empresas que exploram o subsolo brasileiro. Mas por que essas tragédias se repetem com tanta frequência? Neste artigo, exploraremos os motivos por trás dessa impunidade e falta de justiça, bem como as consequências para as vítimas.

A certeza da não punição

Um dos principais motivos pelos quais as grandes mineradoras continuam a operar sem medo é a certeza da impunidade. Mesmo que ocorram acidentes, como o desastre em Brumadinho, as empresas têm a convicção de que pagarão apenas uma pequena parte do lucro obtido como indenização anos ou até décadas depois. Essa perspectiva torna o risco compensador, uma vez que o ganho financeiro obtido é muito superior ao que será pago posteriormente às vítimas.

A falta de justiça

No Brasil, a falta de justiça é um problema real e afeta diversas áreas. No caso das mineradoras, a ineficiência e a morosidade do sistema judiciário dificultam a busca por justiça pelas vítimas. Muitas vezes, os processos se arrastam por anos, deixando as famílias das vítimas sem respostas e sem compensação adequada. Essa falta de rapidez e eficácia no âmbito judicial apenas aumenta o sentimento de impunidade por parte das empresas.

A proteção da classe política

Outro ponto importante a ser considerado é a certeza de proteção das grandes empresas mineradoras por parte da classe política. Essas empresas têm uma influência significativa sobre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, especialmente através de financiamentos de campanha. Muitas vezes, as comissões responsáveis por legislar sobre minas e energias são compostas por representantes que são financiados diretamente por essas empresas (hoje proibido oficialmente). Isso cria um conflito de interesses e enfraquece ainda mais as chances de uma fiscalização e punição adequadas.

A falta de conscientização:

É surpreendente como poucos brasileiros estão cientes da existência da comissão de minas e energias e do impacto que a influência das mineradoras tem sobre as decisões políticas. Essa falta de conscientização torna ainda mais difícil a mobilização da sociedade em busca de soluções para o problema. É preciso que mais pessoas se engajem e exijam mudanças efetivas na forma como as empresas que exploram o subsolo brasileiro são regulamentadas e monitoradas.

As grandes tragédias envolvendo empresas mineradoras no Brasil são um reflexo do descaso e da impunidade que prevalecem no país. A garantia da não punição, a falta de justiça, a proteção da classe política e a falta de conscientização são fatores que contribuem para a continuidade dessas tragédias. É fundamental que a sociedade se mobilize e exija mudanças significativas no sistema para que a vida das pessoas seja valorizada e essas empresas sejam devidamente responsabilizadas por suas ações. Somente assim poderemos evitar que novas tragédias ocorram e que as vítimas tenham o direito à justiça e à indenização adequadas.



Paulo Feres

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