A Trama Obscura do Hacker Walter Delgatti
Um nome que entrou para a história recente do Brasil é o de Walter Delgatti. Esse picareta, hacker, bandido, tornou-se protagonista de uma história sinistra que envolveu políticos, juízes e o site Intercept.
Sua ação criminosa, ao hackear o Telegram do grupo do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, deu origem ao escândalo conhecido como Vaza Jato. As conversas vazadas, fruto de um crime, foram utilizadas para colocar em dúvida a atuação da Operação Lava Jato e das autoridades envolvidas. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha acolhido as conversas como provas, elas foram utilizadas para influenciar a opinião dos ministros e acabaram contribuindo para a liberação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todo esse episódio só foi possível graças à contratação do serviço de Delgatti pelo site Intercept.
A deputada Carla Zambelli, conhecida por seu envolvimento em várias patuscadas, contratou o hacker mesmo sabendo de sua trajetória criminosa e de seu trabalho para os inimigos políticos. Contratar um criminoso condenado, usando tornozeleira eletrônica e com restrições judiciais, só mostra a irresponsabilidade dessa personagem.
Zambelli encomendou o serviço de Delgatti para invadir as urnas eletrônicas e mostrar que o processo político estava manchado por fraudes. Além disso, ela pediu que ele invadisse o Conselho Nacional de Justiça, falsificasse um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e tivesse acesso às correspondências do mesmo. Essas ações criminosas e a interferência indevida no sistema judiciário só poderiam levar a um fim trágico.
Surpreendentemente, Zambelli levou Delgatti ao Palácio do Planalto, onde ele foi recebido pelo presidente da República. Ainda que o presidente tenha afirmado que ficou calado durante a reunião, essa não é a primeira vez que ele relata essa postura passiva diante de situações suspeitas. Fica a pergunta se essa história colará ou se as investigações trarão à tona a verdade.
Mas a trama não para por aí. Delgatti também esteve no Ministério da Defesa, participando de reuniões sobre segurança das urnas eletrônicas. Esse hacker, criminoso condenado, teve acesso a informações sensíveis enquanto usava uma tornozeleira eletrônica. Como isso foi possível? Até agora, ninguém do Ministério da Defesa se pronunciou para negar a participação de Delgatti nessas reuniões.
Essa série de eventos torna evidente a falta de responsabilidade dessa turma que foi eleita para dirigir o país. Colocar um criminoso no centro do poder, receber em reuniões importantes, permitir acesso a sistemas sensíveis e prejudicar a Operação Lava Jato são atos irresponsáveis que só corroboram para a deterioração da imagem da República.
Esse hacker, de quinta categoria, não só contribuiu para a soltura de Lula e a futura prisão de uma deputada federal, como também causou danos irreparáveis à maior operação anticorrupção que o país já teve. Seu papel foi essencial para construir o cenário atual, repleto de desconfiança nas instituições e incitação da população contra o processo eleitoral.
Agora cabe às investigações apurarem todos os detalhes dessa trama obscura. Os delegados da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal têm nas mãos a missão de desvendar toda essa história e colocar os responsáveis diante da justiça.
Resta saber se o cerco está se fechando para o presidente Bolsonaro, se ele será o próximo a enfrentar as consequências desse enredo perturbador. No final das contas, é triste ver como um bandido de quinta categoria pode ter um papel tão relevante na história de uma república.
Fica claro que o Brasil precisa urgentemente de políticos responsáveis e comprometidos com a ética, para que nunca mais vejamos episódios como esse em nossa nação. É preciso resgatar a confiança e a esperança em um país melhor.
Paulo Feres
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