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O Racismo Ambiental de Anielle Franco

PAULO SÉRGIO • 10 de fevereiro de 2024

O Racismo Ambiental de Anielle Franco



No mundo atual, a discussão sobre racismo tem ocupado cada vez mais espaço tanto nas mídias quanto nas conversas cotidianas. O combate ao preconceito racial é uma luta importante e necessária, visando a igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças. No entanto, é imprescindível que essa discussão seja feita de forma séria e embasada, a fim de evitar distorções e desvios de foco.


Recentemente, a ativista Anielle Franco, que faz parte do grupo liderado por Silvio Almeida e que propõe uma agenda única do racismo estrutural, levantou uma nova discussão: o racismo ambiental. Segundo ela, nas favelas e periferias, principalmente no Rio de Janeiro, a população negra estaria sendo alvo desse tipo de discriminação devido às enchentes e desastres naturais que ocorrem nessas regiões.


No entanto, é importante entendermos que o termo "racismo ambiental" pode gerar certa confusão. O racismo é uma forma de discriminação baseada na cor da pele ou na origem étnica de uma pessoa, enquanto a questão ambiental diz respeito aos impactos causados pela ação humana no meio ambiente. Embora exista uma relação estreita entre desigualdades sociais e acesso a condições adequadas de moradia, saúde e infraestrutura nas periferias, é preciso separar esses problemas da questão racial em si.


Essa confusão entre racismo e desigualdade social acaba deslegitimando a luta contra o preconceito racial. Ao abordar o racismo ambiental como um problema exclusivo das comunidades negras, Anielle Franco acaba deixando de lado a dimensão social da desigualdade, que afeta não apenas os negros, mas também os brancos, os pobres, os índios e outros grupos marginalizados. É essencial compreender que a desigualdade social é um problema estrutural que precisa ser enfrentado de forma conjunta, sem distinção de cor ou etnia.


Além disso, é preocupante o apelo midiático e o uso de redes sociais como plataforma para disseminar essas ideias. Embora as redes sociais possam ser uma ferramenta importante para compartilhar informações e promover debates, é necessário cuidado para não transformar assuntos sérios em mero espetáculo ou "circo", como mencionado no texto. É preciso dar voz a pessoas especializadas e comprometidas com a causa do combate ao racismo, evitando que pautas importantes sejam deturpadas ou minimizadas.


No Brasil, a concentração de renda é um problema urgente que agrava as desigualdades sociais. Em vez de focar exclusivamente na questão racial, é fundamental buscar soluções que combatam a desigualdade social como um todo, beneficiando todas as camadas da população. Essa abordagem mais ampla não apenas contribui para uma sociedade mais justa, mas também fortalece a luta contra o racismo, pois reconhece que as desigualdades afetam a todos, independentemente de cor ou etnia.


Em resumo, é necessário ter cautela ao abordar o tema do racismo ambiental, garantindo que a discussão seja embasada e não se perca em distorções ou desvios de foco. É importante separar a luta contra o preconceito racial da questão da desigualdade social, reconhecendo a importância de combater ambos os problemas de forma conjunta e inclusiva. Somente assim poderemos avançar na construção de uma sociedade mais justa  para todos.


Paulo Feres

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