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PEC que proíbe militares de participarem da política: entenda o que está em jogo

PAULO SÉRGIO • 15 de outubro de 2023

PEC que proíbe militares de participarem da política: entenda o que está em jogo 



No cenário político atual, uma discussão controversa tem tomado os holofotes: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que proíbe a participação de militares das Forças Armadas na política. Essa PEC, que tem sido popularmente chamada de "PEC anti-Bolsonaro" ou "PEC dos Militares", tem gerado debates acalorados, polêmicas e desinformação por parte da imprensa e da população.

 

A proposta do governo consiste em mudar as regras para que militares da ativa das três Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) possam se candidatar a cargos políticos. Aqueles que decidirem entrar para a política terão que se afastar de suas atividades nas Forças Armadas. Atualmente, a Constituição permite que militares se candidatem, e caso não sejam eleitos, eles retornam às suas funções normais nas Forças Armadas.

 

No entanto, a PEC propõe que, caso um militar se candidate e seja eleito ou não, ele não poderá mais retornar à sua carreira militar. Isso porque a entrada da política na carreira militar pode comprometer a disciplina e a imparcialidade das Forças Armadas, que são instituições de Estado e não devem estar alinhadas a nenhum partido político específico.

 

A PEC dos Militares enfrentará um longo processo de discussão no Senado e na Câmara dos Deputados antes de ser aprovada ou rejeitada. O governo conta com a maioria no Senado, o que pode facilitar a aprovação da proposta. Porém, a discussão não envolve apenas a possível influência política dos militares, mas também a questão das polícias militares.

 

Diferentemente das Forças Armadas, as polícias militares são forças auxiliares e têm uma participação muito mais ativa na política, especialmente nas eleições municipais e estaduais. A politização das polícias militares é uma questão grave e recorrente, com promoções e indicações baseadas em critérios políticos. No entanto, a PEC em debate não trata dessa questão, o que pode ser considerado um ponto negativo para a proposta.

 

Ao excluir as polícias militares da PEC, o governo acaba deixando de abordar uma das questões mais problemáticas e politizadas no âmbito das Forças de Segurança. A atuação partidária tem implicações diretas no trabalho das polícias militares, o que compromete a imparcialidade e a eficiência dessas instituições.

 

É importante ressaltar que a politização das polícias militares não é exclusiva do governo atual, mas sim um problema que persiste há muitos anos. A PEC poderia ter sido uma oportunidade para lidar com essa questão, mas infelizmente não foi o caso.

 

Apesar da controvérsia, a proposta de proibir a participação política dos militares das Forças Armadas pode ser vista como positiva para o Brasil. A mistura entre política e força armada pode comprometer a imparcialidade e a efetividade das instituições militares, que devem atuar em defesa do Estado e não de interesses políticos específicos.

 

No entanto, é fundamental que sejam discutidas as implicações e os desdobramentos dessa medida, levando em consideração também a necessidade de lidar com a politização das polícias militares. É necessário um debate amplo e transparente, visando o fortalecimento das instituições e a busca por soluções efetivas para a política brasileira.

 

Em meio a tantas informações desencontradas e polêmicas, é essencial buscar fontes confiáveis e se inteirar dos assuntos de forma adequada e embasada. Acompanhar a cena política e estar consciente das discussões em andamento é fundamental para formar uma opinião sólida e contribuir para o diálogo democrático.


Paulo Feres

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