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Por que não devemos enaltecer o exército por cumprir a lei

PAULO SÉRGIO • 26 de outubro de 2023

Por que não devemos enaltecer o exército por cumprir a lei

 


O papel do exército na sociedade e a necessidade de cumprir a lei são pontos fundamentais a serem discutidos. No entanto, é importante entender que elogiar o exército por cumprir sua obrigação não deve ser encarado como algo intrínseco, mas sim como algo esperado e natural.

 

O comandante do exército já deixou claro que não é necessário enaltecê-lo por seguir as leis e a Constituição. Essa é uma responsabilidade que deve ser cumprida sem questionamentos. No entanto, muitas vezes vemos pessoas valorizando e compartilhando conteúdos que destacam esse aspecto, mesmo que seja uma ação esperada.

 

Com a quantidade massiva de conteúdo que é disponibilizada diariamente na internet, é importante pensar no que é realmente relevante e merece ser compartilhado. É compreensível que as pessoas queiram buscar informações e opiniões embasadas, que agreguem valor às suas vidas. No entanto, é fundamental lembrar que nem todo conteúdo que é propagado merece nosso apoio ou engajamento.

 

É interessante observar também a polarização que temos presenciado no cenário político. Enquanto parte da esquerda mantém sua visão tradicional das forças armadas, a direita bolsonarista passou a atacar o exército de forma sistemática, principalmente após os atos deploráveis do dia 8. É importante ressaltar que, ao mesmo tempo em que essa parcela exige liberdade e o cumprimento da Constituição e do devido processo legal pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), também critica o exército por ter cumprido essas mesmas leis.

 

É válido apontar que tanto a esquerda quanto a direita lutam pelo cumprimento da Constituição e pelo retorno do Estado de Direito à normalidade. No entanto, é necessário que haja uma coerência entre as ações e os discursos. É contraditório, por exemplo, criticar o STF por não cumprir a Constituição e, ao mesmo tempo, insultar o exército por tê-la cumprido.

 

A lógica deve prevalecer nesse debate. É importante que a direita estabeleça um diálogo entre suas próprias crenças e ideologias, para que haja um alinhamento entre o cumprimento da Constituição e o respeito ao exército. Não se pode esperar que as instituições avancem e funcionem corretamente se houver contradições e ataques incessantes.

 

Essa falta de coerência também é evidente no que diz respeito ao ativismo judicial. Muitos criticam o STF por fazer um ativismo judicial pulsante, porém não enxergam que também existem mecanismos legais no Senado Federal para conter esse ativismo. É necessário que se faça uma crítica justa e embasada, sem generalizações e discursos vazios.

 

Além disso, é importante mencionar que o exército não possui uma ligação direta com nenhuma ideologia política específica. Ele é uma instituição que pertence ao Brasil como um todo, independentemente de preferências políticas. Todos os cidadãos, de esquerda, de direita ou de centro, contribuem para a manutenção das Forças Armadas através de seus impostos.

 

Dessa forma, é essencial que se evite cair na armadilha de polarizar a relação com o exército, gerando conflitos desnecessários. O exército é uma instituição que está a serviço do povo brasileiro como um todo, independentemente de orientação política. Não é esperado que ele participe de golpes de Estado, como ocorreu no passado, sendo fundamental enxergar cada situação de forma isolada e aplicar as punições adequadas quando necessário.

 

Ao invés de se envolver em discussões acaloradas e infundadas, é importante buscar canais de informação sérios e confiáveis, que ofereçam um debate embasado e convites à reflexão. A corrupção é um problema que deve ser combatido com seriedade e imparcialidade, sem ideologia envolvida. Todos são bem-vindos a fazerem parte de uma comunidade que busca debater de forma honesta e responsável.

 

O exército não deve ser enaltecido por cumprir a lei, pois essa é uma obrigação que todos esperam que seja cumprida. É importante evitar a polarização e buscar um entendimento coerente entre as ideologias, com diálogos embasados e respeitosos. O foco deve ser no combate à corrupção e na busca por um país melhor, sem distinção de posicionamentos políticos.


Paulo Feres

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