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Por que os ministros do Supremo Tribunal Federal não são semideuses?

PAULO SÉRGIO • 8 de novembro de 2023

Por que os ministros do Supremo Tribunal Federal não são semideuses?

 


A recente discussão sobre os mandatos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil tem gerado bastante controvérsia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciou a intenção de apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para limitar o tempo de mandato dos ministros da Suprema Corte.

 

Diante dessa proposta, o ministro Gilmar Mendes, do STF, reagiu de forma bastante agressiva, considerando a ideia como um ataque à autonomia e independência do Poder Judiciário. Um senador chegou a gravar um vídeo expressando seu descontentamento e afirmando que os ministros do STF não são "semideuses".

 

No entanto, é preciso refletir sobre essa afirmação. Os ministros do STF são nomeados para cargos vitalícios, ou seja, não possuem um tempo determinado de mandato. Essa imunidade pode gerar uma percepção de que eles estão acima de qualquer questionamento ou controle, o que contraria um princípio básico da democracia: a responsabilidade e a prestação de contas dos agentes públicos.

 

Ao compará-los aos deuses temos a nítida impressão de estarmos a defender uma posição de intocabilidade e superioridade. No entanto, é importante lembrar que os ministros são seres humanos, sujeitos a erros e falhas como qualquer outra pessoa. Eles não devem estar acima do debate e da possibilidade de serem avaliados e responsabilizados por suas decisões.

 

A discussão sobre o mandato dos ministros do STF é relevante porque permite uma maior renovação e diversidade no Tribunal. Ao estabelecer um tempo limitado de mandato, seria possível garantir uma maior oxigenação e evitar que o Tribunal seja composto por uma mesma composição por décadas. Isso contribuiria para a manutenção da independência e imparcialidade do STF, além de trazer novas perspectivas e experiências para as decisões tomadas.

 

Além disso, a sugestão de limitar o mandato dos ministros não significa desvalorizar o trabalho realizado pelo STF. Pelo contrário, é uma forma de garantir que o Tribunal continue sendo uma instituição forte e respeitada, mas que esteja sempre aberta ao debate e à necessidade de se adaptar às mudanças sociais e políticas do país.

 

É importante ressaltar que a proposta de Pacheco ainda está em estágio inicial e precisa ser amplamente discutida antes de se chegar a uma conclusão. No entanto, é inegável a importância de se debater a possibilidade de limitar o tempo de mandato dos ministros do STF, a fim de promover uma maior transparência e responsabilidade no exercício do poder judiciário.

 

Portanto, não se trata de diminuir a importância ou a relevância dos ministros do STF, mas sim de garantir um equilíbrio entre a independência do judiciário e a necessidade de prestação de contas. Os ministros do STF não são semideuses, são seres humanos que devem estar sujeitos ao mesmo escrutínio e controle que qualquer outro agente público.

 

Paulo Feres

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