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O dia seguinte

PAULO SÉRGIO • 31 de outubro de 2022

O dia seguinte

O dia seguinte
 
   

O dia seguinte é sempre mais difícil mais duro e mais doido. O nosso dia seguinte durará quatro longos anos.
 
O resultado das eleições para nós ,que acompanhamos política, não é nenhuma surpresa, mas nos causa dor. A dor é grande. O povo mostrou nas urnas que é extremamente tolerante com os maus feitos, é extremamente tolerante com quem rouba dinheiro público.

O povo demonstrou nas urnas que o crime compensa.

As pautas de direita, da direita turbulenta estridente e infantil que não faz política, terão um enorme retrocesso  com um governo de esquerda na Presidência da República.
 
Ahhh a direita vai gritar -  “temos maioria no Senado e na Câmara”. Será que temos maioria mesmo? Será que um governo de esquerda, expert em comprar apoio parlamentar, vide o mensalão, não comprará essa direita que foi eleita nos próximos seis meses.


Hoje posso afirmar de forma categórica que o governo de esquerda eleito, foi eleito com votos válidos nas urnas.

 

O brasileiro fez a opção na esquerda para o Executivo. Votou no descondenado, votou em quem chefiou maior esquema de corrupção no planeta terra, pois bem, esta esquerda hoje não tem maioria para aprovar uma PEC (projeto de emenda constitucional) não tem 316 parlamentares.

 


Mas será que ela não terá esses votos daqui a seis meses?A tradição política brasileira,a  tradição fisiológica dos eleitos é facilmente comprovada nos anais da história.
 
Prefeitos e Governadores que ganham sem maioria, em seis meses têm maioria na câmara de vereadores e nas Assembleias Legislativas e o Presidente forma maioria no Congresso Nacional. Essa maioria sempre vem com a mesma justificativa - “Agora nós temos que apoiar o governador, o prefeito ou presidente porque ele governa para todos e temos que pensar no bem-estar do povo” -  em tese a justificativa, olhando letra por letra é válida, mas na prática é só um ajuntamento de palavras. São só palavrinhas bonitas colocadas no papel e o papel aceita tudo. Na verdade, são cargos oferecidos nas prefeituras, nos governos estaduais e no governo federal recheados com emendas, com liberação de recursos para cada legislador, salvo raríssimas exceções.

 

Cada um dessa corrente fisiológica tem o seu preço na prateleira como um produto no supermercado, cada um com o seu preço. Poucos são os vereadores, deputados estaduais e deputados federais que não têm preço.

Temos a cultura da precificação política. Poucos são os produtos existentes sem preço rotulado pela maquininha de cooptação política.

 

Os deputados eleitos com forte opinião, eleitos por eleitores que pesquisaram, não são rotulados. ESTES NÃO SE VENDERÃO.

 

Como a maioria dos eleitores não pesquisa nada, e eu ainda sigo estarrecido pela constatação que citarei em 90% dos meus textos - 70% não sabe quem votou para Deputado Estadual, Deputado federal e Senador -  não sabem, portanto não possuem um político de quem cobrar. A cobrança é genérica e não tem efeito sobre o parlamentar eleito.
 
O político é punido no dia seguinte , a dor da derrota dói, mas sempre tem uma eleição na frente a ser disputada. Se ele é um player com uma pauta definida estará no jogo novamente na próxima eleição. Já o eleitor que não pesquisou ficará na fila da saúde, na fila da creche, nos buracos das estradas pagando altas somas de impostos gritando por um Brasil mais justo.

 

As urnas punem o eleitor e não o político. O dia seguinte é sempre mais duro para você que não pesquisou. Ele vai durar quatro longos anos.

 

 

Santa Catarina 31 de outubro de 2022

Paulo Feres 

 

 

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